sábado, 2 de julho de 2016

"Lisboa", poema de Eugénio de Andrade

Alguém diz com lentidão:
“Lisboa, sabes…”
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus e degraus até ao rio. Eu sei. E tu, sabias?

Eugénio de Andrade, in Até Amanhã, 1956 




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